27 novembro, 2009

palavra de mestre

“Brincar é uma questão de sobrevivência, um recurso que se possui para compreender a vida e interferir no mundo. O Brincar, assim como a Infância, não são privilégios da criança. Estas duas raízes definem a própria humanidade: ludicidade e infância... A gente costuma respirar um pensamento que diz assim: "A criança aprende a brincar naturalmente." Este pensamento está certo, mas pode estar errado. Depende do sentido da palavra "brincar". Se entendemos o brincar como aquele impulso investigativo da criança – isto é natural. A criança, bebezinho, puxa o dedão do pé, balança a cabeça, em poucos meses já está conversando com as tampas de panela... Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, se entendemos o brincar como a cultura dos brinquedos e das brincadeiras – neca de pitibiriba, isso não é natural. Se um adulto não ensinar para a criança a maravilhosa brincadeira do jabolô – esta criança vai passar a vergonha de viver uma vida inteirinha sem experimentar esta sapituca girabolante.
A criança tem direito de ter acesso a toda esta cultura milenar e planetária, sempre contemporânea e futurista, sempre desafiante e mutante: corrupio, escada de maracá, jogo da argola, línguas secretas, canções, histórias, teatro de bonecos, teatro de sombras.. .Portanto, na verdade verdadeira, não são os jogos eletrônicos que tomaram o lugar da brincadeira – somos nós, adultos, que não estamos incluindo outros jogos na vida das crianças. As crianças estão, sempre, sempre, sintonizadas nos adultos. Elas estão sempre aprendendo com os adultos – quer tenhamos consciência disso ou não. Elas dão valor às coisas que os adultos valorizam de fato – daí as atenções exageradamente voltadas para a alta tecnologia, o consumo, a sexualidade, a violência... Portanto, não adianta mudarmos apenas o verniz, o glacê, a casca - precisamos mudar profundamente até trazer a infância à superfície.” (Chico dos Bonecos)

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